segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Espinosa, bendito sejas ou maldito sejas?


Espinosa não é leitura fácil, é para ser mastigado, tal como os hambúrgueres. O seu nome causa perplexidade aqueles que se iniciam em seu conhecimento. Este grande filósofo ético dono de uma vida atribulada, vindo de uma tradição escolástica, fascinado pelo pensamento matemático, pela tentativa de “geometrizar o pensamento”. Seguidor de Platão para quem Deus estava o tempo todo “geometrizando”. Não chegasse, escrevia em latim medieval, o que dificultou o trabalho de seus tradores. Nascido em solo Holandês (1632, em Amesterdão), português pela nacionalidade paternal, e judeu porque foi criado do seio dessa comunidade, embora os seus pais fossem cristãos novos, convertidos unicamente por sobrevivência, é não por fé. Esta condição explica o porque de muitos conflitos vividos.
Seu patronímico – ESPINOSA – deve-se em homenagem à cidade natal de seus pais, “Espinosa de Los Monteros”, cidade espanhola, da qual foram obrigados a fugir em virtude de sua religião. A família viveu como refugiados em França (Nantes), por Portugal, Espanha e, finalmente encontram maior liberdade religiosa em Amesterdão na Holanda.
Como nasceu descendente de portugueses, aprendeu a língua, daí o nome de BENTO, como escreveu suas obras em latim, BENEDICTUS e, BARUCH porque foi educado e criado com educação judia.
Espinosa desde muito cedo sua família preparava-o para o rabinato, acabando por desagradar os seu preceptores com ideias próprias e adaptadas de pensadores judeus não aceites pela ortodoxia. Recusando-se a arrepender-se de suas opiniões, rejeitou a cabala judaica, que considerou uma das maiores formas de superstição humana, viu-se expulso e foi excomungado da comunidade judaica.
No dia 27 de Julho de 1956 a grande sinagoga de Amesterdão, no cais de Houtgracht. Há dias e dias que a comunidade judia se debruçava sobre o assunto, um jovem de 23 anos de seu nome Baruch de Espinosa, tendo tido já algum tempo más opiniões, má conduta e maus caminhos. Diz-se que os seus antigos mestres da escola Talmud Torah, ainda o tentaram convencer e discutiram com ele insistentemente, era aluno brilhante, mostrando sempre saber compreender os textos. Em vão. A sua resposta foi que procurava a verdade, não a aparência. O julgamento, levou-o ao isolamento forçado, dedicou-se ao estudo do humanismo fora das amarras da religião. Passou a ganhar a vida polindo lentes e viveu modestamente de seus recursos advindos do trabalho. Sofreu de mais de vinte anos, de tuberculose, sendo esta a provável causa de sua morte, em 21 de Fevereiro de 1677.
Os seus 45 anos de existência ficaram conhecidos, por sua doutrina Panteísta. Deus não é um mero espírito ou ser distante. Ele é matéria e está em tudo e em todos. Portanto, o homem só pode existir plenamente quando estiver em comunhão com esta totalidade, o que faz libertando-se das paixões, ou afecções.

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