sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O Banco do Bosque



Ele é sabedor das minhas leituras…
A minha voz ecoa, nos seus ramos,
como que às minhas palavras pausassem nas suas pinhas abertas, pelo sol.

A sua natureza afirma-se em toda a essência envolvente,
ouve o cântico das rãs e o silêncio profundo da lagoa verde.

Aqui estou, entre o ímpio do meu eu,
o banco de madeira e a metamorfose do meu pensamento.

A passarinhada não pára nas arvores,
Pare-se estar em conflito com elas,
como de uma disputa se trata-se.

As frases vibram nos meus lábios,
faço versos soltos ao vento.
Falo com as suas ergas folhagens,
cada uma me confessa um sentimento.

Eu sou o orador, delas, que mostra a figura interior,
num simples efeito de voz.

O pinheiro manso ao sol, estreme-se,
ficando atrás de mim a ouvir o meu murmúrio.

Eu sou eu, eu sou o vosso orador,
eu sou aquele que desconheceis,
eu sinto as vossas vibrações.


Daniel Lopes

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