quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Desemprego vai agravar-se ainda mais com a crise no segundo semestre .

Portugal fecha o primeiro semestre com uma taxa de desemprego de 7,4%, reflectindo uma estabilização. Desaceleração da economia ainda não teve impacto.

A taxa de desemprego de Portugal terminou o primeiro semestre em 7,4% da população activa. O valor de Junho de 2008, ontem divulgado pelo Eurostat, é o sexto mais elevado da Europa (há um ano estava em 12º lugar), mas desceu 0,1 pontos percentuais face a Maio (7,5%). No entanto, os economistas salientam que a estabilização da taxa de desemprego nos primeiros seis meses deste ano ainda está a reflectir o andamento mais favorável da economia no ano passado. A taxa de desemprego da zona euro manteve-se em 7,3%. Espanha lidera com 10,7%.
Segundo o Eurostat, o número de desempregados em Portugal reduziu-se em 1.000 indivíduos entre Maio e Junho, ficando 8% abaixo face a igual mês do ano passado. Cálculos com base nos dados ontem divulgados permitem ver que a descida da taxa de desemprego em Portugal foi possível graças a um forte aumento da população activa, (o somatório dos empregados e desempregados), com destaque para a subida do emprego: em Junho foram criados quase 63 mil postos de trabalho face a Maio, uma subida homóloga de 1,5%.
Como o desemprego reage com um atraso que pode ir até cerca de ano e meio, os especialistas dizem que ainda terá de reflectir o forte agravamento das condições económicas desde final do ano passado até à data. O pessimismo recorde na economia portuguesa é outro dos factores que leva a suspeitar de que este ano e o próximo serão pouco positivos no que respeita ao mercado de trabalho.
O mesmo raciocínio pode aplicar-se à zona euro: a actividade europeia está a desacelerar e a confiança a vencer sucessivos mínimos nas principais economias.
“Normalmente, o mercado de trabalho reage com ano e meio de atraso face ao PIB e é muito mais reactivo à conjuntura negativa do que aos ciclos de recuperação”, explicou João Cantiga Esteves, professor de Economia e Finanças do ISEG.
O Banco de Portugal confirma que há um “habitual desfasamento” do desemprego face à actividade. Foi desta forma que, no último boletim económico de Outono, justificou parte da subida do desemprego até 8,2% no primeiro semestre do ano passado. Mais recentemente, no boletim de Verão, o banco central escreve que o contexto de 2008 e 2009 será de “manutenção da taxa de desemprego em níveis elevados”.
Outros especialistas, como João César das Neves, professor de Economia da Universidade Católica, ou Carlos Andrade, economista-chefe do BES, consideram que, no quadro actual, é mais provável a uma estabilização do desemprego nos níveis actuais, podendo até subir. O investimento, variável considerada fulcral para a criação de empregos, está a ser fortemente pressionada pelo aumento dos custos de financiamento/acesso ao crédito bancário.
José António Silva, presidente da Confederação e Comércio e Serviços de Portugal, ou Eugénio Rosa, economista da CGTP, apontam como exemplo destes constrangimentos “a redução de mais cerca de 53 milhões de euros de investimentos” por parte da Brisa “em antecipação à situação económica geral”.

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